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Alexandre reencontrou memórias do passado restaurando uma Agrale 27.5

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Era junho de 1984 quando o adolescente Alexandre Leite comprou uma revista e descobriu que seria lançada no Brasil a nova marca de motocicletas Agrale. A notícia com as especificações da moderna 125cc batizada de 16.5 (por causa da potência) deixaram o garoto fascinado. As vendas começaram no fim do ano como uma alternativa à Honda e Yamaha, e não demorou para a família crescer com a 200cc 27.5.

“Na época se falava que era uma moto de outro mundo, diferente, com outra filosofia, e me apaixonei pela Agrale 27.5. Era a moto que eu gostaria de ter. Ficava com as revistas para cima e para baixo e vivia nas concessionárias olhando as motos”, relembra Leite, hoje engenheiro mecânico. “Em 1988, não sei como, convenci meus pais a comprarem uma SXT 16.5 zero quilômetro, o modelo mais barato da linha. Era branca com banco amarelo, linda”.

Morador de Alphaville, um bairro planejado distante da região central de São Paulo, o adolescente aproveitava para se divertir por trilhas com o amigo Alemão, que tinha uma 27.5, seu sonho de consumo.

Só dois anos mais tarde o garoto conseguiu comprar uma Elefant 27.5. Foram cinco anos de convivência até ele se interessar por outra moto e vender a Agrale. “Foi o maior arrependimento da minha vida”, diz. Mesmo com modelos de outras marcas na garagem, o engenheiro começou a busca por uma antiga Agrale para reviver os velhos tempos. Um dia, em meados de 2010, tocou no assunto com o amigo Alemão, que falou de bate-pronto: “Lembra-se da minha 27.5 preta? Está guardada em casa sem funcionar há 15 anos. Vou te dar”.

O amigo cumpriu a promessa e duas semanas depois descarregou a Agrale SXT 27.5 1989/1990 de uma caminhonete, ou o que restava dela. Depois de muito procurar quem pudesse recuperar a combalida motocicleta, descobriu o especialista em modelos 2 tempos Renato Gaeta, que foi chefe de oficina de uma concessionária Agrale. “Levei a moto até ele e, depois de uma avaliação criteriosa, disse que não ficaria barato, pois era preciso trocar muita coisa, praticamente refazê-la. Topei o desafio e durante um ano buscamos peças e reconstruímos a Agrale, que ficou pronta no fim de 2011. Deu muito trabalho, mas valeu a pena”, conta.

Só para diversão

Mais um ano de espera se passou até que conseguisse regularizar os documentos da 27.5. Com tudo em ordem, Alexandre Leite criou um ritual: todo fim de semana dá partida e faz sozinho um trajeto pela região. “Quando ligo a moto e ouço esse motor 2 tempos sinto aquela vibração, é como se o mundo parasse e nessa hora esqueço de tudo. O tempo vai passando e perdemos algumas lembranças da infância, mas a Agrale resgata isso em mim”, afirma. “Não quero viver sem essa moto perto de mim. Não é mercadoria, é como uma tatuagem para a vida toda”, acrescenta. Pensando em mantê-la em condições de uso, Leite está montando um estoque de peças e participando de um curso de mecânica para aprender a lidar com eventuais imprevistos.

Em seus passeios semanais, ele diz que para a grande maioria a moto passa desapercebida, mas sempre há quem torça o pescoço para vê-la. Curiosos fazem perguntas, contam que tiveram outros modelos da mesma época, entretanto, esbarrar com antigos donos de Agrale, segundo ele, é coisa rara.

O próximo passo será uma viagem de São Paulo (SP) a Paraty (RJ), distantes 300 km. O trajeto não é aleatório, resgata uma boa memória da infância. Por isso, não cogita viajar com a BMW K 1600 GT, sua outra moto. “Meu pai trabalhava em uma obra no Rio e fazíamos essa viagem rotineiramente. Dentro do carro, ficava imaginando como seria andar com minha Agrale nessa estrada. Ainda não fiz isso, mas farei”, diz o proprietário desta 27.5 em perfeitas condições. “A Agrale é uma parte da minha vida que eu não quero esquecer”, completa.

Texto: Vinícius Piva
Fotos: Mario Villaescusa
Fonte: Duas Rodas

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