A Triumph Tiger 800 XC abre a porta da marca para o mercado brasileiro e chega para cutucar a BMW F 800 GS
Decidida a ingressar para valer no mercado brasileiro, em que passa a operar oficialmente no início do segundo semestre, a Triumph acaba de apresentar com grande estardalhaço na Europa a Tiger 800. São duas opções, da “standard” à mais aventureira XC, de Cross Country, a qual fomos provar em solo espanhol. A escolha da cilindrada e da proposta pela companhia britânica reavivam uma velha rixa internacional, agora no campo das motocicletas, ao desafiar a germânica BMW F 800 GS. O alvo não foi escolhido ao acaso. Pela versatilidade que oferecem, as trail de média cilindrada possibilitam longas viagens e facilidade de utilização em todos os ambientes, inclusive no urbano e em eventuais incursões fora de estrada.
À primeira vista, a Triumph parece ter buscado inspiração estética na rival alemã. Mas o olhar atento revela que ela tem caráter próprio, marcado pela silhueta esguia, com poucas superfícies carenadas, com predominância da visibilidade mecânica e pelo acabamento de qualidade. Como você verá a seguir, esse refinamento em nada compromete sua atuação off-road.
Ainda nos primeiros quilômetros, destacam-se a razoável proteção aerodinâmica proporcionada a pilotos de até 1,75 metro de altura e o banco facilmente regulável em duas alturas, esbanjando conforto também para o passageiro, com assento de posição elevada. A aparente dureza inicial e as dimensões reduzidas do banco são rapidamente esquecidas, revelando acerto ergonômico e de densidade, que pode ser alterada com a troca por um assento opcional de gel.
O guidão da Tiger XC é controverso. Impõe uma posição de condução que se revela estranha nos primeiros instantes, obrigando o tronco a se inclinar sobre a dianteira, atirado sobre o tanque de combustível, mantendo os braços esticados e mais abertos do que seria de esperar. Apesar da maior pressão aerodinâmica e do desconforto gerado nas incursões em rodovias, a largura do guidão viria, porém, a revelar-se bem acertada nas estradas mais recortadas, bem como nos percursos fora de estrada, ampliando a facilidade nas mudanças de direção ou na simples fuga de uma pedra mais saliente.
A análise estética pode ser significativa no momento da opção de compra, mas passa para segundo plano diante da eficácia mecânica e ciclística da mais recente big trail saída da fábrica de Hinckley. O motor tricilíndrico, baseado no bloco de 675 cc que equipa a supersport Daytona e a roadster Street Triple, foi revisto em cerca de 85% dos componentes, procurando comportamento mais suave e disponibilidade de força em todos os regimes de rotação. Com a cilindrada ampliada para 799 cc à custa de maior curso dos pistões, a Tiger ganhou novo virabrequim e teve a eletrônica revista. O motor é um surpreendente manancial de potência, incrivelmente suave e equilibrado. Com ausência de vibrações, exibe enorme capacidade de aceleração desde os mais baixos regimes, permitindo retomadas mesmo na sexta marcha de uma caixa muito precisa e suave. Sem batidelas ou hesitações que revelassem qualquer problema, tem comportamento que parece ideal tanto na cidade como em estradas mais exigentes. Nessas situações, é possível manter controle absoluto valendo-se apenas do acelerador. Também agrada nas incursões por todo o tipo de terreno, onde o caráter elástico, quase elétrico, do motor evidencia os dotes de pilotagem.
Esse motor é um importante trunfo na avaliação da Triumph Tiger 800 XC, mais potente que a rival BMW F 800 GS, e que vem acompanhado por ciclística à altura. Partindo de uma estrutura tubular, revela rigidez para atacar sem receios as curvas mais rápidas, mas sem roubar a flexibilidade que tanto ajuda nos pisos de terra. O conjunto evidencia excelente distribuição de peso e centro de gravidade baixo, oferecendo agilidade e capacidade de inclinação, contornando curvas com segurança.
Rápida e eficaz nas mudanças de direção, apresenta acertado compromisso em termos de amortecimento, impedindo o mergulho excessivo na frenagem e mantendo a eficácia em curvas, com maciez que contribui para boa leitura do piso. Mantém-se firme mesmo em uma frenagem mais vigorosa, primando por excelente progressividade e boa sensibilidade, mesmo nas condições mais delicadas em que o freio dianteiro é mais exigido.
Disponível em branco, preto ou laranja, a Triumph Tiger 800 XC soma argumentos de peso em um segmento cada vez mais desejado, a começar pela facilidade de condução proporcionada por um motor cheio e muito redondo e uma ciclística de elevado nível. A esse conjunto junta-se sua imagem moderna e uma lista de acessórios capaz de reforçar o perfil aventureiro dessa simpática britânica.
Ficha Técnica : https://utiama.com/ficha-tecnica-triumph-tiger-800-xc/