Diego Silva Machado – Boa Noite pessoal, semana passada fui conferir a Serra do Corvo Branco e as noticias ainda não são boas.
O Principal objetivo desse relato é ALERTAR e pedir para o pessoal que esta planejando fazer a Serra do Corvo Branco, esperar ate que fique pronta, isso não é um pedido meu e sim dos residentes locais da Serra.
Sai acompanhado da minha eterna companheira de viagem e esposa Vanessa, meu primo Adriano e a namorada dele.
Montei o roteiro e passei para o meu primo, deixando em aberto para sugestões e palpites. Reunimo-nos e decidimos os quatro que o roteiro estava ótimo.
Como realização de prazer pessoal e com o intuito de reunir diversas informações pra passar para outros motociclistas, decidi que não iria tirar Corvo Branco do roteiro, mesmo sabendo das dificuldades e de que nossas motos são inapropriadas para o terreno.
Passamos a virada de ano em Camboriú e no dia seguinte seguimos viagem para Rio do Rastro, Morro da igreja e Serra do corvo Branco.
Tudo seguiu conforme planejado e foi uma grande viagem. Ansiosos para o que nos aguardava no Corvo Branco e contando com o improvável chegamos ao tão esperado; A Serra Do Corvo Branco.
Logo no inicio fomos alertados pelas placas ao longo da rodovia, mas estávamos decididos e seguimos em frente, bem de cara encaramos um trecho de 500 metros de pedregulho solto, logo após, trecho de barro batido, tudo tranquilo, mas como o próprio tempo estava avisando, a parte pior estava por vir.
O tempo estava nublado com bastante serração e havia chovido a madrugada e a manha inteira. Chegamos na famosa placa entre as rochas, a partir dai começamos a vivenciar as dificuldades extremas de se pilotar na lama com argila proveniente da matéria rochosa da região. Um grande erro que cometi foi o calculo de tempo, pois chegamos na serra as 17:00 hrs e a grande dificuldade de se pilotar na região retardou mais ainda o tempo, levamos seis horas para percorrer inacreditáveis 10km, a partir das 20:00hrs a única coisa que clareava além dos faróis das motos e que nos acompanhava era a lua.
As motos ficavam cada vez mais difíceis de responder os comandos de aceleração, freio e embreagem, a lama era tanta que travaram as rodas dianteiras, tivemos que tirar os para-lamas. O solo estava muito fofo e começamos a atolar, descemos das motos e as garupas ajudaram a empurrar ate chegarmos na parte que não dava mais, a frente estava formada uma piscina de lama, nessa piscina estava um carro do modelo Tucson atolado ate a altura do para-choque, verificamos e não tinha ninguém no carro, vimos que tinham deixado ali para ser resgatado, decidimos que faríamos o mesmo com as motos.
Deixamos elas deitadas, pois não tinha onde encostar e começamos a descer a pé, não tínhamos lanternas e fomos guiados pela pouca claridade da lua entre a serração, caminhamos cerca de 7km atolando os pés ate que escutamos aquele barulho longínquo e faceiro, o sorriso tomou nossos rostos e deixamos aquela preocupação de lado, cada minuto que passava o barulho aumentava e tínhamos a certeza que estavam vindo em nossa direção, estávamos prestes a conhecer um ser humano incrível com o coração do tamanho daquela serra, isso ser não for maior, era o sr. Clésio com seu trator e o dono do carro, paramos e pedimos ajuda ele não se negou, porem as meninas teriam que ficar ali pois no trator não cabiam, não tinha jeito, elas ficaram aguardando enquanto íamos resgatar as motos e o carro.
Chegando lá a dificuldade foi acomodar as motos no trator, o cuidado do Sr. Clésio era tanto que ele estava preocupado em arranhar as motos, isso porque estavam cobertas de lama. Logo carregamos as motos e o carro, descemos e pegamos as meninas, elas foram no carro e nós no trator. Já passava das 23:00 e o sr Clésio humildemente ofereceu sua varanda para acamparmos, ofereceu também o chuveiro da sua casa para tomarmos banhos, ele pediu desculpas por não poder recepcionar melhor, pois estava muito cansado ele havia chegado de viagem a poucas horas.
No dia seguinte acordamos com uma mesa gigante de café da manha, nos conhecemos melhor e fomos conversando, em uma das conversas ele desabafou e disse que a obra esta prejudicando muito a vida pessoal deles pois acontece corriqueiramente os pedidos de socorro, ate a policia liga pra ele pedindo pra resgatar pessoas com veículos atolados, sem limite de horários. Na região o único que tem trator pra tirar os atolados é ele, e nem a prefeitura e nem os responsáveis pela obra não custeiam o serviço prestado por ele, e ficam ligando enchendo o saco.
Por isso o principal objetivo desse relato é pedir para aguardarem que terminem a obra, ele e a família dele pediu para colocar em rede social pois eles não tem acesso a internet, e esperam que terminem ou diminuam os pedidos de socorro, não fomos os únicos motociclistas, ele já resgatou outros e fez esse único e mesmo pedido.
Deixando claro que não é má vontade dele, é por que a construtora, policia e a prefeitura não tem limite. Se depender dele ele faz de coração.
Abraços a todos que reservaram um tempinho para ler.
Obs: O sr. Clésio não cobrou estadia, socorro, café e nem almoço, tivemos o bom senso de deixar uma justa quantia mesmo ele não querendo aceitar.
Fotos: Arquivo pessoal