Paulo Souza
A moto topo de linha da Honda faz sucesso há mais de três décadas e é conhecida atualmente pelo nome de GL 1800 Gold Wing. Muito avantajada e recentemente reestilizada ela chama a atenção por onde passa, seja pelo seu grande porte, ou mesmo pelo seu sofisticado conjunto de som bastante potente.
Durante o teste, rodamos cerca de 600 quilômetros com esta exuberante moto entre trechos urbanos e estrada. Saindo de São Paulo em plena noite de sexta-feira enfrentamos um pequeno congestionamento até chegar à marginal, onde o trânsito fluía. Podemos dizer que é um sufoco trafegar com esta moto no trânsito, mas é na estrada que ela revela todo o seu potencial.
Propulsor
Engana-se quem acha que pilotar uma máquina dessas é difícil, a partir do momento que tiramos o pé do chão e começamos a acelerar, a moto fica totalmente sob controle e seus aproximados 400 quilos passam despercebidos. Isso não poderia ser diferente, seu propulsor de 1832 cc é capaz de gerar um torque de 17 kgf.m a 4.000 rpm, ou seja, força o suficiente para controlar a moto mesmo em baixa velocidade.
Este motor é um OHC de seis cilindros opostos (boxer) alimentados por injeção eletrônica, que gera 118 cv de potência máxima. Na estrada é uma delícia, com níveis quase imperceptíveis de vibrações seu motor mantém bastante força em qualquer uma das suas cinco marchas. Sua relação peso/potência pode parecer pequena, porém é suficiente para quem deseja viajar sem se preocupar com as ultrapassagens.
Habitat Natural
Para avaliar o seu comportamento, fizemos uma viagem até a cidade de Brotas, no interior de São Paulo. O primeiro ponto a destacar é sem dúvidas o conforto que a motocicleta oferece, com guidão recuado e um assento espaçoso e macio, o piloto viaja tranquilamente com uma ótima posição de pilotagem. Já o garupa parece estar na poltrona de casa, com encosto para as costas e duas opções diferentes para descansar os braços.
Outro ponto que impressiona é a agilidade desta moto, apesar de ter 1,70m de entre eixos, ela possui um baixo centro de gravidade que a faz ficar bem próxima ao chão e possibilita um ótimo ângulo de inclinação. Nas curvas, mesmo acompanhado de garupa e bagagens, o piloto tem total segurança para deitar a moto.
O seu para-brisa frontal também ajuda bastante na estrada desviando todo o vento do piloto, mas se quiser sentir um ventinho no rosto, há uma pequena entrada de ar no centro do para-brisa que pode ser aberta. Como cada piloto tem uma altura diferente, o para-brisa ainda possui dois níveis de ajuste, embora esta mudança deva ser feita manualmente.
Durante a viagem foi possível curtir as paisagens ao som de muito Rock n’ Roll, isso por que a Gold Wing possui um ótimo sistema com entrada USB e e auxiliar para conexão com MP3 e celulares. Ao todo são seis alto-falantes, que ditam o ritmo mesmo quando estamos em altas velocidades, mesmo para o garupa, que consegue ouvir tranquilamente o som durante todo o caminho. Mas, cuidado para não se distrair, pois são tantos os comandos de som, que podem confundir o piloto.
Tecnologia Freios e Suspensões
Na bagagem, a Gold Wing traz muita tecnologia e sofisticação, sendo a primeira moto a introduzir um sistema de airbag, que para o nosso bem não foi acionado. O modelo também conta com um exclusivo sistema de marcha a ré a partir de acionamento elétrico operado por um simples toque de botão. Muito útil e prático até mesmo em manobras com pisos inclinados, o sistema tem força o suficiente para tracionar a moto, mesmo sendo elétrico.
No modelo 2013, as inovações começam no design com novas carenagens e também novos bagageiros com capacidade de carga para 150 litros. Em relação aos demais itens tecnológicos, a moto continua a mesma com piloto automático e regulagem do farol, que permite ao piloto diferentes configurações, tudo através de acionamento por botões.
Para manter o conforto do piloto, a suspensão traseira possui sistema de ajuste eletrônico da pré-carga da mola, onde o motociclista pode ajustá-la em até 26 posições, de acordo com cada situação – somente o piloto; piloto e garupa; piloto garupa e bagagens; etc. Já a dianteira não possui ajuste eletrônico, embora tenha sistema “anti-drive”, que controla a velocidade de compressão e retorno reduzindo o “mergulho” no momento da frenagem. Dentro da cidade é inevitável não se incomodar com a suspensão dianteira, pois qualquer buraco ou mesmo irregularidades do asfalto a fazem bater o curso final.
Seu conjunto de freios é poderoso e possui sistema Dual CBS (Combined Brake System) que trabalham em conjunto para evitar o travamento das rodas. Ou seja, freando com o manete dianteiro automaticamente ele também acionará o freio traseiro permitindo uma frenagem mais segura. Apesar de todas estas tecnologias, a Gold Wing não possui controle de tração, embora este devesse ser um item de série em uma moto deste porte.
Considerações
Importada do Japão, a Honda Gold Wing chega ao país com o preço sugerido de R$ 92.000 e concorre com os modelos de primeira classe em duas rodas. Com toda a certeza esta moto não pode ser a única na garagem do motociclista, pois sua proposta é totalmente para viagens e estradas limitando o seu uso em outras condições.
Atualmente a principal concorrente da Goldwing esta vendendo mais motos, segundo dados da Fenabrave, no ano passado a BMW 1600 GTL (R$ 108 mil) vendeu 228 motos, contra apenas 57 do modelo da Honda. Mesmo com preço mais atraente, cremos que faltam alguns itens para a Gold Wing liderar a categoria. Na estrutura da moto um controle de tração e ajuste eletrônico na suspensão dianteira seria um grande passo, na questão de conforto falta também aquecedor de manoplas e banco e ajuste do para-brisa eletrônico.
No entanto, ainda é uma das motos mais prazerosas para pegar a estrada. Mesmo com seu peso de 387 quilos (peso seco), acompanhado de garupa e bagagens, a viagem foi muito boa. A estabilidade dela impressiona juntamente com o seu torque e visual. Ter uma dessa na garagem é com certeza um sonho para quem já a pilotou!
O jornalista utilizou no teste Capacete e luvas Honda, Jaqueta Race Tech, Calça HLX e Botas Dainese.
Ficha Técnica
Motor OHC, 6 cilindros, 4 tempos,arrefecido a líquido
Tipo de chassi Diamond Cilindrada 1.832cm³
Comprimento x largura x altura 2.629 x 945 x 1.455mm
Sistema de alimentação Injeção eletrônica PGM-FI
Pneu dianteiro 130/70 R18 M/C 63H
Potência máxima 118cv a 5.500rpm
Pneu traseiro 180/60 R16 M/C 74H
Torque máximo 17kgf.m a 4.000rpm
Peso seco* 387kg
Transmissão 5 velocidades
Cores Branco e preto(modelo 2012)
Sistema de partida Elétrico
Capacidade do tanque 25 litros
Preço R$ 92.000,00*
Fotos: Leandro Lodo
Fonte:
Equipe MOTO.com.br